quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Alma de Garanhão

Quatrilho NS (Fazenda Monjolinho)
Esperto, imponente, arisco assim era o Quatrilho quando chegou. Um cavalo bem  novo tordilho, com papel foi o que me disseram, achei bonito, mas preferia que fosse pampa rsrsrsrs.... ,diferente do Pingo que foi entregue horas antes.
Na época tínhamos um senhor meio mal humorado para cuidar dos dois cavalos, o que tornava bem difícil conquistar a confiança deles, perdia-se um bom tempo para pega-los no pasto, mas depois de alguns 40 minutos conseguíamos isso quando não desistiamos. A impressão que se tinha era de que eles ficavam lá parados observando, esperando chegar perto, e um olhava para cara do outro e: - Cooorreee.  Era bem engraçado, claro para quem olhava.
Num certo dia, um vizinho veio nos dizer que achava que era porque o tratador maltratava os dois, resolvemos então trocar o tratador, as mudanças foram visíveis, a docilidade, a delicadeza, eles adoravam passear, cavalgar, estavam sempre esperando que chegássemos, o que demonstra a habilidade do cavalo em devolver o carinho que lhe dão.
Entretanto, essa estória é sobre um cavalo com alma de garanhão, seu nome Quatrilho, um Mangalarga Marchador castrado, que segundo os especialistas, entendidos, curiosos, e outros sempre nos disseram, foi mal castrado. Eu costumo dizer que ele é sistemático  e é ai que tudo começa, tendo ele vindo de um criador renomado na raça, acho que se sentia superior, então quando chegou, e encontrou o Pingo mestiço Mangalarga Marchador mesmo mais velho e calejado  da lida com gado, logo foi deixando claro, quem  mandava, o que não impediu que se tornassem os melhores amigos.
Certa manhã, o Pingo foi levado a selaria para um passeio e o Quatrilho claro o seguiu como sempre, porém o Quatrilho ficou lá preso e apenas o Pingo saiu, um detalhe importante é que ele sempre fez o que queria, como uma criança birrenta que grita e não obedece aos pais. Uma coisa que ele nunca admitiu foi ficar e o Pingo sair, não havia porteira que o segurasse, nem fechadura, nem corda amarrada, nada era um obstáculo, pular, saltar era o próprio cavalo de hípica. Confesso que tenho um pouco de culpa em alguns desses itens, já que ensinei e ele aprendeu rapidinho. E foi o que aconteceu naquela manhã, saiu apenas o Pingo e após algumas horas voltaram os dois, o Pingo sendo montado e ele do lado, como se estivesse preso por uma corda, então a partir deste dia nunca mais ficou sozinho sempre ia junto, mesmo que tivesse apenas um cavaleiro, é claro que se o Pingo ficasse e ele fosse não tinha problema, ele não se importava nem um pouquinho, como disse, sistemático.
Ele queria sempre ser o primeiro, até no banho,  rolar no chão que delicia mas, quando percebia que o Pingo estava rolando em outro lugar, tratava logo de ir lá dar uma experimentada, se deitava e rolava no mesmo lugar, ciumento. - Vai que a terra do Pingo é melhor  que a minha.
Quatrilho NS (Fazenda Monjolinho)
Mas não havia cavalo melhor, com crianças tinha muito cuidado, podiam passear sozinho que ele ia como um pangaré. Sabe,  estilo Pé de pano aquele cavalo do Pica-pau.  Fazia amizade com muita facilidade com outros cavalos se ficasse bem claro quem mandava, e foi assim que fez amizade com o Bob. O Bob era um cachorro acho que sem raça definida que o tratador arranjou ainda filhote, segundo ele para ser cão de guarda, e que todas as manhãs e tardes seguia seu dono para cumprir a tarefa de alimentar e tratar os cavalos. Acho que foi por isso que começaram a ser amigos, depois de algumas semanas não se largavam, estavam sempre brincando. Mas do que? Como cavalos podem brincar com cachorros? Continua...............

Um comentário:

  1. Que cavalo mais inteligente e leal,amizade assim nos humanos é dificil de existir.

    Bjs
    Cris

    ResponderExcluir